ESTE É O BLOG DO CRONISTA ESPORTIVO MARTINS ANDRADE SOBRE O FUTEBOL CEARENSE.
FUTEBOL BAIÃO-DE-DOIS - O NOSSO FEIJÃO COM ARROZ.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

CACHORRO QUE ACOA PNEU.

A rodada de ontem – 25/09, a 20ª da série B, dá bem a idéia do que serão os jogos desta reta final.

Cada jogo vai ficar marcado como uma corrida.

Os que estão à beira do cadafalso, metendo o pé na carreira, na tentativa de sair o mais rápido possível dessa coisa feia chamada degola, rebaixamento, o que quer que seja...

De outro lado, os que estão às portas do céu, fazendo de tudo para permanecer ali, na antevisão da sonhada primeira divisão.

As duas pontas da tabela de classificação funcionando como o céu e o inferno.

Para os torcedores cearenses, bem representados pelas massas alvinegras e tricolores de aço, a imagem é um pouco dessa dualidade de felicidade e decepção.

O Fortaleza foi mais uma vez a decepção.

Já escrevi aqui, um dia desses, que com os marcadores de meio de campo que ele tem, qualquer atacante faz uma festa danada em cima da defesa tricolor.

E quem já praticou futebol, mesmo pelos subúrbios, sabe que se um time tiver um marcador daquele tipo carrapato, pegando no calcanhar, fica difícil criar.

O Fortaleza não tem.

Um dos volantes é mais um sete e meia do que cinco. Isto é, joga mais para frente do que marca, no caso, o Kiko.

O outro não marca.

Um pouco mais atrás ficam os zagueiros se pegando com todos os santos para não tomar gols.

Mas, se santo ajudasse a time de futebol o Bahia não tinha caído, porque lá há um santo para cada dia da semana.

Era só rezar.

O Ceará, que enfrentou o Juventude de Caxias do Sul, perdeu dentro de casa uma chance de engordar pontos e ficar mais parrudo na tabela.

Fez um grande primeiro tempo, mas desperdiçou todas as chances criadas.

Contratou um grande atacante, que ainda carece de mais força coletiva para render o que sabe, e aproveitar o que o meio de campo cria.

E mais, sua comissão técnica precisa dizer para os meias que os gols marcados de fora da área também valem.

Por isso tem que chutar de meia distancia...

E mais curioso: tem um ala com fôlego de sete gatos e aproveitamento de finalização parecido com a fome de bichano de gente rica: nenhuma.

Boiadeiro, o ala de quem falo, inicia bem as jogadas pelo lado direito, se apresenta para o jogo e consegue chegar na cara do gol; ele, a trave e a glória como eu costumava dizer nos meus tempos de repórter de ponta de gol.

Mas é quando chega ali, no momento crucial para ele e sua equipe, que Boiadeiro não consegue definir.

Corre, batalha, mas na hora agá finaliza mal e volta cabisbaixo, gol perdido, torcida decepcionada.

Uma movimentação grandiosa para nada!...

Parecido com cachorro que acoa pneu.

sábado, 1 de agosto de 2009

A VISÃO DE FUTURO

DO FERROVIÁRIO

Os mais jovens não conheceram, ou talvez tenham ouvido apenas falar do América, o querido mesquinha da Dom Manoel.

Chegou a ser considerado um clube de médio porte e foi campeão cearense, quando passou por lá e o presidiu o falecido engenheiro e desportista José Lino da Silveira Filho.

O doutor Zé Lino, como era conhecido, fez um América maior do que ele podia ser: audacioso, grande, atrevido e campeão.

Tirou-lhe a mecha de time suburbano e deu-lhe a pompa de uma equipe de ponta no futebol cearense, imputando lhe respeito no concerto nordestino.

Para chegar a isso, mesclou prata e ouro.

A prata já existia a redor de suas estruturas, correndo nos campos deste grande garimpo, que é o futebol cearense.

O ouro ele foi buscar em outras jazidas, utilizando a bateia de sua visão para separar grandes craques, enxertar com a prata e fazer do América campeão cearense.

E fez!

Depois do doutor Zé Lino o mequinha passou para outras mãos e outras idéias.

As mãos que apararam o América, queriam transformar tudo que tocasse em dinheiro.

E a idéia era transformar o clube numa fábrica jogadores, onde num toque de Midas, cabeças de bagres se transformariam em ouro lapidado ou uma peça de diamante, cujo mercado era a indústria que mais crescia no mundo: a indústria do futebol.

Uma idéia ambiciosa para uma estrutura insignificante que o América voltara a ser.

Ocorre que para atingir esse objetivo, seus dirigentes não separavam mais a qualidade do material que lhes chegavam.

Qualquer cascalho era embalado nas camisas do America, fotografado, filmado e enviado para mercados, onde mercadorias ruins eram aceitas, desde que fossem originadas do maior centro exportador de jogadores do mundo: o Brasil.

O que resultou numa leva de jovens sonhadores, passando fome nos mais longínquos rincões da terra em nome de uma ambição por dinheiro fácil.

Quando a ficha caiu, o América morreu.

Mãos sem dinheiro sequer para manter o clube na primeira divisão do futebol; idéias que levaram o tradicional clube cearense à falência.

Ambição desmedida que o levou a perder a vida.

Falo do América pelo espelho do passado e vejo a imagem do Ferroviário oscilando na turbidez de minha visão de futuro.

Os atuais dirigentes do Ferroviário trafegam pela mesma rota de naufrágio do América.

Recebe a ganga de outras jazidas, trazidas por mãos ambiciosas, na tentativa de lapidar refugos, embalados pela camisa do querido clube coral.

Espelho ingrato, duro, cruel...

O America é a visão de futuro do Ferroviário.


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