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sábado, 1 de agosto de 2009

A VISÃO DE FUTURO

DO FERROVIÁRIO

Os mais jovens não conheceram, ou talvez tenham ouvido apenas falar do América, o querido mesquinha da Dom Manoel.

Chegou a ser considerado um clube de médio porte e foi campeão cearense, quando passou por lá e o presidiu o falecido engenheiro e desportista José Lino da Silveira Filho.

O doutor Zé Lino, como era conhecido, fez um América maior do que ele podia ser: audacioso, grande, atrevido e campeão.

Tirou-lhe a mecha de time suburbano e deu-lhe a pompa de uma equipe de ponta no futebol cearense, imputando lhe respeito no concerto nordestino.

Para chegar a isso, mesclou prata e ouro.

A prata já existia a redor de suas estruturas, correndo nos campos deste grande garimpo, que é o futebol cearense.

O ouro ele foi buscar em outras jazidas, utilizando a bateia de sua visão para separar grandes craques, enxertar com a prata e fazer do América campeão cearense.

E fez!

Depois do doutor Zé Lino o mequinha passou para outras mãos e outras idéias.

As mãos que apararam o América, queriam transformar tudo que tocasse em dinheiro.

E a idéia era transformar o clube numa fábrica jogadores, onde num toque de Midas, cabeças de bagres se transformariam em ouro lapidado ou uma peça de diamante, cujo mercado era a indústria que mais crescia no mundo: a indústria do futebol.

Uma idéia ambiciosa para uma estrutura insignificante que o América voltara a ser.

Ocorre que para atingir esse objetivo, seus dirigentes não separavam mais a qualidade do material que lhes chegavam.

Qualquer cascalho era embalado nas camisas do America, fotografado, filmado e enviado para mercados, onde mercadorias ruins eram aceitas, desde que fossem originadas do maior centro exportador de jogadores do mundo: o Brasil.

O que resultou numa leva de jovens sonhadores, passando fome nos mais longínquos rincões da terra em nome de uma ambição por dinheiro fácil.

Quando a ficha caiu, o América morreu.

Mãos sem dinheiro sequer para manter o clube na primeira divisão do futebol; idéias que levaram o tradicional clube cearense à falência.

Ambição desmedida que o levou a perder a vida.

Falo do América pelo espelho do passado e vejo a imagem do Ferroviário oscilando na turbidez de minha visão de futuro.

Os atuais dirigentes do Ferroviário trafegam pela mesma rota de naufrágio do América.

Recebe a ganga de outras jazidas, trazidas por mãos ambiciosas, na tentativa de lapidar refugos, embalados pela camisa do querido clube coral.

Espelho ingrato, duro, cruel...

O America é a visão de futuro do Ferroviário.


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