A VISÃO DE FUTURO
DO FERROVIÁRIO
Os mais jovens não conheceram, ou talvez tenham ouvido apenas falar do América, o querido mesquinha da Dom Manoel.
Chegou a ser considerado um clube de médio porte e foi campeão cearense, quando passou por lá e o presidiu o falecido engenheiro e desportista José Lino da Silveira Filho.
O doutor Zé Lino, como era conhecido, fez um América maior do que ele podia ser: audacioso, grande, atrevido e campeão.
Tirou-lhe a mecha de time suburbano e deu-lhe a pompa de uma equipe de ponta no futebol cearense, imputando lhe respeito no concerto nordestino.
Para chegar a isso, mesclou prata e ouro.
A prata já existia a redor de suas estruturas, correndo nos campos deste grande garimpo, que é o futebol cearense.
O ouro ele foi buscar em outras jazidas, utilizando a bateia de sua visão para separar grandes craques, enxertar com a prata e fazer do América campeão cearense.
E fez!
Depois do doutor Zé Lino o mequinha passou para outras mãos e outras idéias.
As mãos que apararam o América, queriam transformar tudo que tocasse em dinheiro.
E a idéia era transformar o clube numa fábrica jogadores, onde num toque de Midas, cabeças de bagres se transformariam em ouro lapidado ou uma peça de diamante, cujo mercado era a indústria que mais crescia no mundo: a indústria do futebol.
Uma idéia ambiciosa para uma estrutura insignificante que o América voltara a ser.
Ocorre que para atingir esse objetivo, seus dirigentes não separavam mais a qualidade do material que lhes chegavam.
Qualquer cascalho era embalado nas camisas do America, fotografado, filmado e enviado para mercados, onde mercadorias ruins eram aceitas, desde que fossem originadas do maior centro exportador de jogadores do mundo: o Brasil.
O que resultou numa leva de jovens sonhadores, passando fome nos mais longínquos rincões da terra em nome de uma ambição por dinheiro fácil.
Quando a ficha caiu, o América morreu.
Mãos sem dinheiro sequer para manter o clube na primeira divisão do futebol; idéias que levaram o tradicional clube cearense à falência.
Ambição desmedida que o levou a perder a vida.
Falo do América pelo espelho do passado e vejo a imagem do Ferroviário oscilando na turbidez de minha visão de futuro.
Os atuais dirigentes do Ferroviário trafegam pela mesma rota de naufrágio do América.
Recebe a ganga de outras jazidas, trazidas por mãos ambiciosas, na tentativa de lapidar refugos, embalados pela camisa do querido clube coral.
Espelho ingrato, duro, cruel...
O America é a visão de futuro do Ferroviário.
sábado, 1 de agosto de 2009
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