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FUTEBOL BAIÃO-DE-DOIS - O NOSSO FEIJÃO COM ARROZ.

domingo, 26 de outubro de 2008

AMOSTRA GRÁTIS
Na linguagem comum eles são conhecidos como propagandistas.
Quem trabalha em hospital ou consultório médico os conhece.
Na verdade, eles são os representantes farmacêuticos, pessoas encarregadas de levar as últimas gerações da farmacologia, ou seja, medicamentos que os médicos deverão receitar aos pacientes, complementando um trabalho de divulgação para torná-los popular.
Quando o medicamento é eficiente, o efeito logo se faz notar.
Quando é um placebo, o paciente tem sua doença agravada.
Esse trabalho envolve o representante do laboratório, o médico e do dono do hospital, do contrário não surte efeito.
Deixemos o propagandista de lado e falemos de futebol, que é o tema de nosso comentário.
O Ceará enfrentou o Corinthians neste sábado e causaram surpresa algumas ausências, assim com a presença de certos jogadores no elenco que embarcou para São Paulo.
Atletas, que o torcedor conhece suas qualidades para vestir a camisa alvinegra, ficaram em casa enquanto outros, que a galera já havia dado como favas contadas em termos de produção para a equipe, acabaram fazendo parte do elenco e entrando no jogo, coisa que o torcedor achava que não tinha mais lugar para eles.
Jogar contra o Corinthians em pleno Pacaembu com a mídia ouriçada em face do desempenho do time paulista no campeonato brasileiro, e tendo ainda a perspectiva de uma antecipação de classificação, alterou muita coisa dentro da casa alvinegra. Sobretudo porque todas as câmeras e holofotes da série B focavam nesse jogo.
Ceará e Corinthians era o espetáculo.
Participar desse jogo faria qualquer jogador atirar a muleta fora, sair correndo do departamento médico, ficar bom de uma hora para outra, contanto que entrasse no jogo.
Contrariando essa expectativa, atletas como Vavá, ainda artilheiro do time, mesmo numa fase ruim, sequer viajou.
Éderson, destaque crescente da equipe, viajou, mas ficou no banco.
Em contrapartida, jogadores que a torcida e a mídia rejeitaram porque nunca apresentaram rendimento condizente com a grandeza do alvinegro, estavam desfilando seu pouco futebol para os olhos do Brasil inteiro.
Jogadores sem brilho, sem as qualidades necessárias para envergar a camisa de um time de terceira divisão, estavam em campo, massacrando a verve do torcedor alvinegro, transparecendo mediocridade, mas na vitrine.
Talvez empurrados por propagandista - empresários, goela abaixo, como remédio sem efeito comprovado.
O tal "BO".
"Bom para Otário" como se diz no balcão da fármácia.
O futebol cearense não merece isso, aliás, aquilo, por mais adversário que seja o torcedor.
Voltando ao assunto do remédio, cada jogador tem o seu propagandista – o empresário, que necessita de um médico – o técnico, que precisa da autorização do dono do hospital – o dirigente, para receitá-lo ao paciente – o time.
Isso cria na família do paciente – a torcida, uma expectativa: se o paciente melhorar, vai ter que comprar o remédio.
É uma atitude que tem prejudicado muito ao futebol brasileiro, sobretudo times que não possuem patrimônio financeiro capaz de montar grandes equipes com jogadores de nível.
Empresários de jogadores têm imitado os representantes de medicamentos: de clube em clube, lá estão eles com seus produtos, distribuindo-os aos treinadores, sem custo, irritando o torcedor, mas com a esperança que algum acerte.
Em medicina isso é chamado de amostra grátis.

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