ESTUPRO DA EMOÇÃO

Existem três formas de paixões que transcendem à paixão carnal.

Costuma se dizer que não se discute política, religião e futebol.

As três paixões fora da carne.

Mas intrinsecamente ligadas ao coração, porque emoção.

O amante carnal sofre também pelas três paixões, tanto quanto pelo ser amado de carne e osso.

Nos quatro casos de paixão, pela história da emoção, apenas num deles não se permite substituição: a paixão do futebol.

Dizem que se troca de mulher, mas não o clube de coração.

Ao contrário do amor carnal, que às vezes ele esconde, o amante do time de futebol faz questão que todos saibam e falem e aplaudam seu grande amor.

Veste-se até da mesma cor!

É um amante que sorri, quando os louros da vitoria lhe rodeiam a cabeça.

E chora, às vezes externando suas lágrimas, ou tantas vezes escondendo dos seus convivas a tristeza dessa emoção.

Por essa paixão, o amante não permite brincadeiras que lhe tragam comoção.

E a ele não interessa se muitos amam também sua paixão.

Também não lhe interessa se outras pessoas amam outros clubes.

Que cada um ame e defenda o seu.

Esse amante gruda os olhos nos jornais, fica preso à televisão, corre pela internet, tudo em busca de uma, umazinha informação sobre o clube de seu coração.

E quando a encontra, ela está em forma de chacota, manipulada, gozadora...

O que o jornal O Povo fez com os torcedores do Ferroviário, o amado Ferrão, causou-lhes revolta, que lhes feriu a alma, rasgou-lhes a carne, cortou-lhes o coração como qualquer sentimento contrariado.

O jornal O Povo cometeu uma obscenidade com o torcedor do Ferroviário.

Após humilhá-lo, estuprou sua emoção.